TRAGÉDIA EM SANTA MARIA

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


Decidi fazer esse post devido a tragédia que aconteceu ontem em uma casa noturna, que mexeu muito comigo, e com muita gente. Na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada do dia 27, durante um show, o vocalista da banda usou sinalizador (pirotecnia), que gerou faíscas que caíram na espuma no teto que tinha como função fazer o isolamento do som. O vocalista tento apagar as chamas com o estintor, mais não conseguiu fazer-lo funcionar. O fogo se alastrou rapidamente pela espuma que era inflamável, tomando conta de todo o ambiente da boate e gerando uma fumaça tóxica.

A boate estava super lotada, pessoas desesperadas foram até a única porta que havia na boate, sendo impedidos de sair pelos seguranças, que demoraram um pouco para perceber o que de fato estava acontecendo. Quando os seguranças finalmente abriram a porta, as vítimas se aglomeraram na única saída (que era estreita), se espremendo e alguns sendo pisoteados. Outros foram para o banheiro, mas acabaram falecendo por intoxicação. No meio do tumulto começaram a se pisotear (...) Filme de terror. Disse um dos seguranças que estava dentro da boate.

231 mortos e mais de 100 feridos. O segundo maior incêndio no Brasil, e o terceiro em casas noturnas do mundo. A maioria das vítimas eram estudantes da faculdade federal da cidade (UFSM). Mães e pais lamentando a morte tão tágica de seus filhos, e outros à procura daqueles desaparecidos. Fiquei tão chocada e triste com todas as reportagens e imagens, não precisava conhecer as pessoas que estavam lá, mas ter sentimentos e me por no lugar delas. Isso poderia ter acontecido em qualquer boate, com qualquer um de nós, com qualquer amigo ou conhecido. Espero que alguém tome algumas medidas a mais quanto a segurança das pessoas em casas noturnas. E acho também que os seguranças tem que deixar de serem tão ignorantes, e procurarem saber o que realmente está acontecendo. Ver as pessoas em pânico gritando fogo parece uma tentativa de sair sem pagar a conta? Onde estava a porta de emergência da boate? E apesar dos integrantes das banda sempre usar esse tipo de efeito em seus shows, eles deveriam ter um pouco mais de conhecimento. E os donos da boate que não aparecem? Apesar de tudo, nada poderá trazer essas vidas de volta, mas podemos evitar que tragédias assim aconteçam de novo! E que Deus conforte os sobreviventes e as famílias das vítimas nesse momento tão triste.

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. 
A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. 
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.
As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?
O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido. 

Fabrício Carpinejar.

Um comentário :

  1. Nossos pêsames pela perda de muitas famílias, que à este ponto estão sendo gloriosas e vangloriosas pelo mundo inteiro, por aguentarem ao sofrimento acontecido na noite anterior. Oremos para que Deus console e abrigue o coração de todos. Amém!

    Ju, do Epílogos e Finais.

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